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    voltar para a agenda30/7/16 | sábado

    A partir do dia 30 de julho, o Instituto Moreira Salles de São Paulo exibe Vitrines e fachadas, dois ensaios paulistanos de Dulce Soares, exposição que recupera duas séries realizadas pela fotógrafa Dulce Soares (1943) em São Paulo: Barra Funda, de 1977, e Vestidos de noiva, de 1978-1979. As 160 imagens que compõem a mostra fazem parte do acervo do IMS desde 2003 e são exibidas juntas pela primeira vez. Por ocasião da abertura, acontecerá uma visita guiada, às 11h, com Dulce e a curadora Valentina Tong.

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    O início da década de 1970 foi um momento em que grandes obras de infraestrutura e a alta especulação imobiliária transformaram a paisagem paulistana. Nesse mesmo período, o conceito de patrimônio histórico no Brasil foi ampliado para incluir o conjunto de uma paisagem, e não apenas monumentos isolados. Órgãos de preservação nas esferas estadual e municipal foram criados e, em 1976, a Secretaria de Cultura do Estado criou a Comissão de Fotografia e Artes Aplicadas, com o objetivo de apoiar a realização de ensaios fotográficos em São Paulo.

     

    No ano seguinte, a Comissão convidou Dulce a fotografar o bairro da Barra Funda, como parte de um projeto de documentação da cidade, que incluiu também a Estação da Luz, fotografada por Antonio Carlos d’Ávila, e o Brás, registrado por Cristiano Mascaro e Pedro Martinelli. O convite partiu dos fotógrafos Claude Kubrusly e Maureen Bisilliat, que, além de serem da comissão, coordenavam as atividades da escola de fotografia Enfoco (1968-1976), onde Dulce estudou por dois anos.

     

    As caminhadas fotográficas de Dulce pelo bairro reforçam o ponto de vista do pedestre e oferecem um contraponto às grandes obras viárias que transformaram a região. O trabalho começou com uma pesquisa dos lugares de relevância histórica e se desdobrou na descoberta de certas tipologias construtivas. As imagens registram a história do bairro por meio da arquitetura. É possível reconhecer as casas de fachadas adornadas, construídas por imigrantes italianos no começo do século XX para a classe média – residências da época áurea do café que, com a crise de 1929, foram transformadas em pensões e cortiços. Muitas das esquinas abrigavam indústrias, comércio e moradia, o que evidencia a ocupação mista do lugar. A presença de fábricas revela a resistência ao processo de deterioração do bairro, causado pela migração das indústrias para a Grande São Paulo na década de 1970.

     

    Nesse trabalho, Dulce elabora seu método baseado na repetição e na alternância. Ao destacar elementos tipológicos na paisagem do bairro e organizá-los em conjuntos, a fotógrafa permite compará-los e enfatizar suas particularidades, ao mesmo tempo que os apresenta como parte de um contexto. As fotos, feitas durante quase um ano, resultaram no ensaio Esquinas, fachadas e interiores, exposto no Masp em 1979 e publicado pela Imprensa Oficial em 1982.

     

    No ano seguinte, durante uma de suas caminhadas, Dulce deparou com a rua São Caetano, via que concentra o comércio dos vestidos de noiva na região central de São Paulo, e por isso conhecida como “Rua das Noivas”. No ensaio Vestidos de noiva, Dulce usa novamente a repetição e a alternância para fotografar fachadas e interiores, mulheres e manequins, ateliês de costura e provadores. Ao se aproximar desse universo, Dulce faz um documento do sistema de produção dos vestidos de noiva e uma reflexão sobre a relação entre a mulher e o sonho do casamento.

     

    No início das incursões, a fotógrafa muitas vezes foi expulsa das lojas, suspeita de querer copiar modelos ou acusada de distrair as lojistas que deviam atrair as noivas que passavam pela rua. Com a ajuda de uma carta de apresentação escrita por Pietro Maria Bardi, diretor do Museu de Arte de São Paulo na época, a artista conseguiu aprofundar a pesquisa e ganhar acesso aos bastidores – os provadores e ateliês de costura que ficavam no fundo das lojas. Além da câmera, Dulce levava também um gravador e registrava as conversas com costureiras e lojistas enquanto fotografava a confecção e as sessões de prova de vestidos. O ensaio Vestidos de noiva foi exposto no Masp em 1981 e transformado em livro no mesmo ano.

     

    Sobre a fotógrafa

     

    Dulce Soares (1943) nasceu no Rio de Janeiro, onde frequentou os cursos de gravura no Museu de Arte Moderna e teve seu primeiro contato com a fotografia. Mudou-se para São Paulo em 1964, onde fez cursos na Kodak e estudou na escola Enfoco (1971- 1972). Teve aulas com Claude Kubrusly e Maureen Bisilliat .Nos anos 1970, começou a fotografar profissionalmente, com ensaios sobre a paisagem, na maioria urbanos. Participou da XII Bienal Internacional de São Paulo, em 1975, e da I Trienal de Fotografia, MAM-SP, em 1980. Em 1977, realizou o ensaio Barra Funda, exposto no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e editado pela Imprensa Oficial de São Paulo. Em 1978, realizou o ensaio Vestidos de noiva, publicado em 1981. Ambos os ensaios, um total de 1.108 negativos, encontram-se no acervo do Instituto Moreira Salles. Coautora do livro A cidade (Raízes Artes Gráficas, Rhodia), de 1979, Dulce também foi colaboradora das revistas ClaudiaCasa ClaudiaVogueCasa Vogue e Iris. Ganhou o Prêmio Pirelli de Fotografia em 1999. Também foi coordenadora de projetos editoriais nas áreas de arte, arquitetura, urbanismo e meio ambiente. Foi professora de fotografia editorial no Centro de Comunicação e Artes do Senac. Suas obras estão nos acervos do Masp, MAM-SP, Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e IMS.

     

    Vitrines e fachadas

    Dois ensaios paulistanos de Dulce Soares

    Curadoria: Valentina Tong

    Abertura 30 de julho, sábado

    Visita guiada com a artista Dulce Soares e a curadora Valentina Tong, às 11h.

    Visitação de 30 de julho a 20 de novembro de 2016

    Terça a sexta, das 13h às 19h

    Sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h

    Entrada franca

     

    Instituto Moreira Salles – São Paulo

    Rua Piauí, 844 – Higienópolis

    CEP 01241-001 – São Paulo/SP

    Tel.: (11) 3825-2560