Dando sequência à programação paralela à exposição “to see what is coming”, o Largo das Artes convida todos para a ação “Sopa de Pedra”, de Matheus Rocha Pitta, atrás do IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ), no Largo São Francisco – centro histórico do Rio de Janeiro.
Existem muitas estórias da sopa de pedra. Comum a todas é o tema do estrangeiro (em algumas versões um monge, em outras um soldado) que chega faminto à uma cidade, cujos habitantes lhe negam o pedido de comida. O estrangeiro se senta na praça principal, acende um fogo, enche sua panela de água e joga ali algumas pedras. Curioso, um habitante lhe pergunta o que está fazendo. “Uma sopa de pedra, hmmm, está ótima, mas com algumas batatas ficaria ainda melhor”, responde o estrangeiro. O curioso volta com algumas batatas, que vão direto pra panela. Outro habitante lhe faz a mesma pergunta, no que o estrangeiro responde que a sopa ainda não atingiu toda sua potência – assim a sopa ganha mais ingredientes à medida que a atenção dos habitantes aumenta. Uma vez pronta, as pedras são retiradas e todos tomam a sopa juntos. As pedras, aqui são um signo da fome mas também da partilha: a fome é aquilo comum a todos, compartilhar a sopa é também uma partilha da fome.
“Sopa de Pedra” faz parte da mostra “to see what is coming”, em cartaz no Largo das Artes até o dia 13 de setembro. A exposição parte da investigação das noções de pós-humanismo, destruição plástica e segunda natureza, flertando com a ficção científica para explorar através da arte nossa relação com o futuro, seja acionando o passado ou mesmo debatendo o presente. Com a curadoria deBernardo José de Souza e Michelle Sommer, “to see what is coming” traz também os artistas: Audrey Cottin, Daniel Steegmann Mangrané, David Cronenberg, Eadweard Muybridge, Fancy Violence, Gisela Motta & Leandro Lima, Gustavo Ferro, Harun Farocki, Laura Lima, Le Corbusier, Luiz Roque, Neil Beloufa, Nuvem – Estação Rural de Arte e Tecnologia / Cinthia Mendonça e Bruno Vianna, Pablo Ferretti e Rodolpho Parigi. Continua em cartaz no Largo das Artes, de terça a sexta-feira, das 10 às 18 horas e aos sábados, das 10 às 17 horas. Entrada gratuita.