A exposição “Cor apropriada”, exibe a produção mais recente do baiano-catalão Dedé, na qual expandiu o volume das linhas, recorrentes em suas obras anteriores, em formas orgânicas e coloridas. Apesar da meticulosa combinação pictórica, a escolha de cores e tons foram regidas pelo acaso e pela disponibilidade de cada material apropriado pelo
artista. Azuis, verdes, vermelhos, amarelos, laranjas, marrons, de tons específicos, nem escuros nem claros, nem fechados nem abertos, sempre mesclados.
Obras que nasceram do gesto espontâneo de rabiscos de caneta esferográficas, posteriormente finalizadas no computador, e, produzidas no ateliê, por meio de um processo determinado também pelos suportes selecionados. Couro, borracha e papel, recortados a laser e colados manualmente, reacendem o encontro da dimensão analógica com a digital, outra característica frequente do trabalho de Dedé.
Existe aqui, um resgate visual à tradição concreta e abstrata brasileira, dos anos 1950, e, que para o artista remontam o inicio de sua trajetória quando produzia, sobretudo, painéis grafitados de site-specific. Apesar da ausência do canvas, e das tintas e pincéis na execução das obras apresentadas, a relação destas é diretamente com a pintura.
O conjunto é, até então, o mais formal já realizado por Dedé, e exibe uma clara evolução de sua pesquisa material e instrumental, e, resgata ainda, de maneira atualizada, o uso das cores de seu passado-presente-futuro. Uma paleta
encontrada em armazéns industriais pelo olhar atento do artista que desloca o mundo para dentro de sua moldura, realizando verdadeiras apropriações cromáticas.
Daniel Rangel
Curador