ABERTURA, TERÇA-FEIRA 22 DE OUTUBRO DAS 16H ÀS 21H.
TEXTO DO CURADOR
“Desde seus primórdios a história é escrita a partir da relação do homem com a natureza. A possibilidade de antever e dominar recursos naturais delineia capítulos tidos como marcos evolutivos. Com as novas tecnologias, tornou-se possível extrair cada vez mais recursos, reafirmando a ideia de que a natureza está à disposição do homem. Porém, a exploração sob a premissa progressista acarretou questões ambientais antes inimagináveis.
Diante deste cenário, fotografar apenas para retratar a beleza da natureza ou para expor a máxima das consequências ambientais, parece não ser efetivo. A anestesia das emoções e a negação perante as imagens é um fenômeno generalizado. Ponto cego, por sua vez, propõe diferentes experimentações de relacionamento do espectador com a natureza a partir do estímulo do pensamento e da elaboração de aspectos formais da fotografia.Em Sempre a Habitar-nos, a artista enfatiza a existência de algo mais na paisagem, uma camada plástica, que inclusive traz mais brilho à cena, mas é artificial e serve como um lembrete da existência de coisas que não são vistas a olho nu, sejam estas a poluição em si ou o comportamento automático que a ocasiona. Já nas séries Biomímese e Paratáticos, uma relação horizontal entre homem e natureza é estabelecida por meio da verossimilhança e do novo significado adquirido no exercício de Gestalt.Se tomarmos a produção como um todo, Clerman utiliza a arte como ferramenta para incluir no olhar compreensões para que este se torne mais completo. Sua visão do mundo é dialética e portanto mutável, ao passo que o mundo é transformado, também nos transforma”. Nathalia Cruz